Compartilhando um carinhoso relato da amiga Gisele katopodis sobre o teatro lambe-lambe:
“Teatro Lambe-lambe? Lambe-Lambe?Alguém lambe alguma coisa?
A caixa nos lambe, lambemos a caixa, boquiabertos com aquele espetáculo diminuto, mas tão grande ao alcançar-nos os sentimentos profundos. Não dá para ficar indiferente ao teatro lambe-lambe. Sabem quando lambemos os beiços por prazer, pela memória de algo delicioso? Foi assim quando estive presente na 1a. Mostra de Teatro Lambe-Lambe de Joinville.
Meti os olhos pelo buraco. Quem já não espiou pelo buraco da fechadura? Já começou por aí: espiando. Mas não é um espiar proibido, nem um espiar imbecil de “Big Brother”. Era um espiar gentil, um espiar-convite do artista para que entrassemos em seu mundo de fantasia, símbolos, mensagens, um convite a refletir ou apenas a curtir. E quanta delicadeza! Quanta arte naquele caixote!
Ah, o tocante universo das caixas!
Mas Lambe-Lambe é mais do que Pandora. Pois ali, a contação de história, mais do que ouvíamos, mais do que víamos, mais do que todo talento do ator em construir cenários em miniatura, com efeitos sonoplásticos e de iluminação – até um palco giratório! de um verdadeiro jogo de cena, singelo, criativo, mais do que tudo isso, o teatro Lambe-Lambe traz a magia cênica da linguagem através das MÃOS!
As mãos, querendo ser invisíveis, eram visíveis em sua existência maior: são as mãos que dão vida aos bonecos, às dobraduras, a uma vassourinha, ao homem e ao animal, que dão movimento, ritmo, peso ou leveza. Mãos que acariciam, mãos que fazem amor, como em “Maria do Cais”, mãos miseráveis que arrastam a morte mas que também encontram a vida, como em “Baldio” e mãos que elevam e alcançam a Iluminação, como em “A Iluminação”.
As mãos são a essência do Teatro Lambe-Lambe.
E não lambemos os dedos para não desperdiçar o restinho de massa que fica na forma?
Com as minhas mãos em reverência, agradeço a todos estes artistas que nutriram minha Alma.